Quem era Athena? A filha abandonada na Transilvânia, ou Sherine, adotada e levada a Beirute por seus pais de criação? A personificação de Hagia Sofia? A estrangeira refugiada do Líbano, a cigana, a mulher que buscava deixar o amor se manifestar sem barreiras, e que preenchesse seus espaços em branco, que através de sua busca incessante para justificar sua vida, modificou o caminho das pessoas que com ela cruzaram, a Bruxa de Portobello, como também ficou conhecida. Athena também era funcionária de um grande banco em Londres, vendeu terrenos em Dubai e virou sacerdotisa.
Quem conta a sua história são pessoas que conviveram com ela, sua mãe adotiva, um jornalista interessado em vampirismo, um padre, uma atriz, seu ex marido, entre outros. Todos aqueles que refizeram seus passos com a missão de contar sua história, não poderiam discordar que Athena tinha um dom e que dedicou sua vida para seu propósito, viveu como uma mulher a frente de seu tempo.
(...) "Todos nós temos um dever com o amor: Permitir que ele se manifeste da maneira que achar melhor. Não podemos e não devemos nos assustar quando forças das trevas, aquelas que utilizam a palavra "pecado" apenas para controlar nossos corações e mentes, querem se fazer ouvir. O que é pecado?
Jesus cristo, que todos nós conhecemos, virou-se para a mulher adúltera e disse:
Ninguém te condenou? ´Pois eu também não te condeno. Curou aos sábados, permitiu que uma prostituta lavasse seus pés, convidou um criminoso que estava sendo crucificado com ele para gozar das delicias do Paraíso, comeu alimentos proibidos, disse que nos preocupássemos apenas como dia de hoje, porque os lírios do campo não tecem nem fiam, mas se vestem com glória".
Pág, 269
Sua peregrinação á tornaram uma mulher cheia de mistérios e força inexplicáveis. Suas decepções com a religião em que foi criada, com seu casamento , fortaleceram mais tarde toda a sua fé e fizeram com que enfrentasse desafios como a perseguição religiosa. Apesar de tudo Athena seguia fielmente seu propósito, sua missão era espalhar o amor e a gratidão á Grande Mãe e seus métodos não "convencionais" adotados para aquela época, fizeram com que algumas pessoas a chamassem de "ADORADORA DE SATANÁS".
Athena era muitas coisas, uma mãe devotada ao seu filho, uma filha muito amada, uma mulher invejada e odiada, que usava seus "rituais" para emanar suas crenças e valores. A bruxa de Portobello trata-se de um livro de ficção, mas que certamente poderia ser confundido com a realidade.
Nota pessoal: O interessante desta história e acredito que tenha sido o ponto chave para prender a atenção do leitor, é o fato de que não parece haver um autor, e sim um escrivão apenas transcrevendo fatos. Apesar de tratar-se de um livro de ficção, exemplifica o que acontece em tempos atuais, como a intolerância. Pois o que foge das tradições não é aceito pela sociedade mesmo nos dias de hoje, e muitos pré-conceitos arcaicos continuam existindo apenas disfarçados, mas jamais deixando de oprimir as pessoas.
E apesar de não queimarmos mulheres em praças públicas sob a acusação de bruxaria como na época da Aquisição, ainda sim muitas pessoas sofrem diversas consequências por levantarem uma bandeira diferente, seja ela de cunho religioso, orientação sexual ou politico. Muitas reflexões importantes foram abordadas neste livro e acredito que conhecemos e convivemos com diversas Athenas, mas nem sempre sabemos identificar o quão precioso significa viver sob um propósito.
... Penso que não deve demorar muito, muitos de nós foram induzidos a procurar coisas que não nos interessavam. Agora nos damos conta de que eram falsas. Mas esta volta não se faz sem dor. porque passamos muito tempo fora, achamos que somos estrangeiros em nossa própria terra.
Pag. 301
Ficha técnica:
Título original: A bruxa de Portobello
Páginas: 320
Formato: 14.00 X 21.00 cm
Peso: 0.392 kg
Acabamento: Livro brochura
Lançamento: 23/03/2018
ISBN: 9788584390946
Selo: Paralela
Legal
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