No seu livro mais famoso, “Origens do Totalitarismo”, Hannah Arendt buscou contextualizar historicamente o que chamou de “tentativa totalitária da conquista global e do domínio total” no século 20. Sua análise atravessa conceitos como antissemitismo, imperialismo e totalitarismo, para concluir que a dignidade humana só pode ser garantida por meio de novos princípios políticos — aquilo que designou de “um novo começo”.
Para a exposição dos fundamentos filosóficos desse “novo começo”, Arendt escreveu “A Condição Humana”. Trata-se de obra bem menos conhecida do público em geral, não obstante seja talvez o seu trabalho de maior fôlego filosófico. Nesse livro, a pensadora alemã defende o conceito de “vita activa”, entrelaçando o que considera as três atividades humanas fundamentais (labor, trabalho e ação) com as condições mais gerais da existência humana (nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade).
O maior mérito intelectual da obra é, todavia, discernir com notável lucidez os conceitos de esfera pública e esfera privada. Eis um tema de suma relevância para a vida do leitor, já que viver é um ato político — produto de uma decisão política, ainda que inconsciente. Assim, ter a consciência de que a ação no espaço público traz implicações e responsabilidades distintas daquelas empreendidas no espaço privado é fundamental para o desenvolvimento de uma nova visão da política e da vida como bem supremo da condição humana.
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